Quando muito se espera por algo que não possui data nem horário de chegada, o cansaço tende a aparecer e abrir espaço para a desistência, afinal, o lado humano e racional precisa de estímulos para permanecer firme e alerta. A alegria aparece, dessa forma, como a cafeína da alma; aquela que é capaz de fornecer a energia necessária e animar os vigias quase adormecidos. Esse sentimento foi entregue a todos de maneira benevolente por seu próprio Criador. Um Deus que é chamado de Pai e, tal como um, cuida para que seus filhos sejam animados e reanimados enquanto aguardam a grande vinda do Primogênito.

Assim, durante todo o demorado percurso a alegria visita corações ansiosos e os amadurece, porém, muito se engana quem acredita que ela é sinônima de gargalhada ou bem estar. Há alegria no cair porque ela nos anima a levantar; no errar porque ela dá forças para recomeçar; no confundir porque ela guia para o correto. Mais que um sentimento, a alegria é força e certeza vinda diretamente do Alto e toda essa resiliência só acontece com quem espera e se mantém disponível.

Dessa maneira, é necessário antes de tudo querer a alegria e permiti-la como companhia em todas as etapas vivenciadas, pedindo por ela e, então será distribuída como uma amostra grátis (porém suficiente) de algo grande e valioso que só é encontrado no Reino dos Céus. Deus não a manteve como luz no fim do túnel, mas sim, como grandes tochas ao longo dele que tudo iluminam sem deixar nada no escuro.

O terceiro domingo do Advento traz essa memória e faz propícia a lembrança de que a alegria não está presente apenas no nome da comunidade, mas sim, em toda a sua realidade e, então, deixar que ela aja da melhor maneira: trazendo vida nova a caminhadas antigas. Deixemos que essa alegria expressada na liturgia de ontem permaneça a ser irradiada ao longo da nossa semana.

Maria Angélica