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O processo de se amar

Vivemos uma vida muito instável. Há momentos em que tudo está indo bem, dando tudo certo… E, em outros momentos, tudo desmorona, as coisas começam a dar errado. Vivemos fases durante nosso cotidiano e às vezes essas experiências intensas de emoções variam de um dia para o outro, o que nos surpreende muitas vezes. Saber entender cada fase dessa nos ajuda a conduzir, com sabedoria e maturidade, as nossas decisões e ações do dia a dia. E um aspecto importante para equilibrar a mente e o corpo em ambas as fases é a autoestima. E talvez você nem sabia que ela era tão importante assim, não é mesmo?
A autoestima é a avaliação que você faz de você mesmo. É um gostar de si e cuidar-se física e espiritualmente. Quando tudo vai bem é fácil a autoestima estar elevada, pois se recebem elogios; resultados de trabalhos são atingidos; um amor é correspondido. Quando, no entanto, nossa vida de realizações e sucessos está em “baixa temporada” é comum que a autoestima fique abalada. Pode aparecer um sentimento de culpa por aquilo que não foi feito; pode aparecer rejeição de seus valores e da sua aparência; pode aparecer a dificuldade de acreditar que a vida tem um propósito.
E eu acredito que uma vida com o propósito claro e de acordo com seus valores e realizações de suas necessidades auxilia muito para que a autoestima não se abale, até porque o contentamento com a nossa própria pessoa implica no desenvolvimento de uma autoestima saudável, equilibrada e madura. Tê-la é uma grande graça de Deus em nossas vidas, uma vez que sem autoestima não somos capazes de amar nem a Deus e nem aos irmãos. E é sobre isso que eu quero falar: de que forma podemos viver saudavelmente e de paz com o nosso amor próprio, mesmo com as dificuldades que aparecem no meio do caminho.
Qualquer dependência nos torna escravos, especialmente se essa dependência é uma dependência da nossa própria autoestima. O primeiro passo para nos libertar dela é a tomada de decisão. A primeira coisa a ser feita é você decidir não ser escravo da sua autoestima. Não podemos esperar sentir que nos amamos e nos aceitamos. Devemos antes nos decidir a isso e convencer o nosso coração para tal. Através da fé e da razão podemos nos convencer de nosso incomparável e incorruptível valor enquanto pessoas humanas e amadas de Deus e então, a partir disso ir buscando a transformação dos sentimentos negativos. Todavia, tal decisão se faz acompanhar de luta espiritual e de intensa batalha interior para evitarmos que os sentimentos negativos e a opinião alheia assumam o controle de nossa autoimagem.
O segundo passo a exercer é o autoconhecimento. É impossível cumprir a própria vocação sem conhecer-se a si próprio e, claro, por conseguinte, ao Senhor – pois para mim o resultado de autoconhecimento é a intimidade com Deus. Para tanto, é preciso investir sempre no processo de transformação diária, reavaliar as próprias atitudes, estar atento aos próprios sentimentos a fim de conhecer sempre mais a própria personalidade e os próprios limites.
Várias pessoas têm grandes dificuldades na aceitação de falhas e limitações, seja em si próprias ou nos outros. Boa parte dessa dificuldade é resultado do orgulho negativo advindo da imagem infundida em nós, através da ideia de que falhar é inaceitável e vergonhoso; apenas a perfeição e a santidade absoluta são aceitáveis. Contudo, devemos fazê-lo cientes de que a santidade também implica em saber lidar com as quedas e tropeços inerentes ao caminhar humano. Outra consequência proveniente da falta de aceitação das falhas e limitações é o crescente sentimento de culpa que nos domina após as quedas. Por isso, outra ação necessária a se realizar é o perdão. Reconhecer as faltas cometidas e delas arrepender-se é um dever e uma graça divina.
Se perdoar tem como consequência alegrar-se consigo mesmo. E se perdoando você consegue se amar e se sentir amado por Deus. Ter a prática do amor próprio não significa ser orgulhoso ou ignorar as imperfeições e pecados. Pelo contrário, significa enfrentá-los, cientes dos próprios limites. E quando você age com carinho e com cuidado sobre si você se torna e se sente templo do Espírito Santo; você toma consciência de que é uma obra maravilhosa e única das mãos do Pai.
E diante de todas essas práticas internas que devemos exercer para chegar a uma autoestima saudável, – e claro, sem esquecer que cada pessoa é um ser único e com suas singularidades, ou seja, existe um tempo diferente para cada coisa a ser realizada -, o último passo a tomar, e que para mim é o mais importante, é o de se reconhecer filho de Deus. Todos somos dignos e apreciados! Temos um nome que nos identifica! Nada pode arrancar de nós essa dignidade por Ele conferida. Os passos que citei acima é uma forma de você, com calma e paciência, chegar a esse sentimento de pertença. Ser filho nos capacita e nos dá forças para lutar por uma santidade que as vezes é vista como impossível por culpa de uma baixa autoestima que vem de um meio adoecido. Interiorizar no seu coração a preciosidade que existe em ser o que Deus lhe deu por herança é o caminho seguro de ter o amor próprio.
Se decida por si. Se conheça. Se perdoe. Se ame. Se reconheça como Filho de Deus.
Só sendo aquilo que somos tem o poder de nos curar.

 

– Narayana Brotas, Consagrada Cristo Alegria.

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